Minha filha recebeu, como tarefa escolar, a missão de levar para o colégio um "brinquedo de antigamente". A ideia era que os pais ou avós ajudassem as crianças a construir um brinquedo que hoje em dia a maioria das crianças não usa e/ou nunca viu.
Assim sendo assumi a missão de ajudar minha princesa nessa empreitada. Das coisas que eu brincava quando era guri, a primeira que me veio à mente foi um papagaio/pipa/pandorga. Epa, esperaí, vamos fazer uma pausa.
Por que esses três nomes ali separados por barra? Bom, nos diversos estados do Brasil esse mesmo brinquedo recebe nomes diferentes. Por exemplo, no Rio Grande do Sul chama-se PANDORGA; no Rio de Janeiro, se não me falha a memória, chamam de PIPA; e lá em Roraima, onde morei por 12 anos, chamam de PAPAGAIO.
Voltando da pausa...
Bom, então na manhã do sábado passado sai com as crianças para dar jeito no material necessário. Numa loja comprei o papel de seda, noutra eu comprei a linha... mas faltava as varetas. Bom, lá em Roraima a gente fazia os papagaios usando "tala de coqueiro" (aquele talinho que tem no meio da palha do coqueiro). Era excelente, pois tinha em diversos tamanhos, era bem leve e flexível. Aqui no sul, como não se tem os coqueiros (salvas raríssimas exceções) o pessoal usa varetas feitas de taquara. Como não tenho nenhuma taquareira a mão e até mesmo por nunca ter feito com esse material,o jeito foi apelar. Comprei aqueles palitos/varetas que são usados como "cabo" de algodão-doce. É, não é a coisa mais leve do mundo e ainda por cima tem tamanho fixo (que eu acho pequeno). Mas era o que tínhamos no momento. Então comprei varetas suficientes para fazer 2 papagaios.
Agora a parte divertida e triste. Divertida para quem estivesse de fora vendo o "tormento" que foi fazer o papagaio; e óbvio, triste para quem estava com a mão na massa. Olha, não sei como meu pai ou a gurizada aqui do RS fazem/faziam suas pandorgas, mas nós lá no Norte fazíamos nossos papagaios sem muitas "ferramentas". O que usávamos era tesoura, varetas, papel, cola, linha, saco plástico (de mercado) e areia, nada mais. Como eu estava fazendo o brinquedo dentro do apartamento, não tinha a areia. "O que? Mas por que diabos tu precisaria de areia?" Simples, para medições. Sim, para medir se as varetas estavam posicionadas corretamente, para ver se os lados do papagaio estavam simétricos. A gente montava a armação do papagaio, usualmente no pátio de casa, e fazia riscos no chão (areia) com essa armação, daí era só usar o outro lado da armação pra comparar e ver se estava ok. Não estando era só ajustar. No apartamento eu tive que usar uma régua, o que era bem trabalhoso, pois precisava das duas mãos pra segurar e ajustar a armação, o que me fazia depender da baixinha para segurar a régua.
Pra resumir a epopéia, quando guri eu conseguia fazer um papagaio, DO ZERO, em mais ou menos 1 hora; desta vez eu levei umas 3 horas pra conseguir montar as duas armações e recortar os pedaços de papel que seriam usados no primeiro papagaio (é o segundo não foi finalizado, ficou na armação).
Com essa parte terminada fomos para um parque aqui de Alegrete para as crianças brincarem com alguns amigos. Apreveitei e levei o esboço de papagaio junto. Lá no parque fiz a montagem do papel e colei na armação. Então só faltava fazer a rabiola (ou rabo, sei lá como chamam em outros lugares). É aí que entra o saco plástico, pois basta cortar tiras meio finas e prender na rabiola.
Tudo pronto....faltava testar né. Então....O DIABO DO VENTO PAROU. Porra, na hora mais importante, quando as crianças iriam poder testar e se divertir (caso o papagaio estivesse OK), não tinha vento :(
No dia seguinte fomos almoçar no CTG e naquele horário tinha um vento jóia, porém o papagaio tinha ficado em casa :( Aaaah, mas às 15:00 ia rolar uma festa junina no CTG, então ja pensei "como vamos em casa após o almoço, vou pegar o papagaio". Beleza, voltamos pro CTG lá pelas 15:25 e... NÃO TINHA VENTO! Mas que macumba forte hein! Como a baixinha queria testar o papagaio (tá, eu também queria), levei-os para um lugar mais aberto, preparei o papagaio, dei um tanto de linha e mostrei como a baixinha tinha que fazer pra levantar o bicho correndo. Bom, rolou fila de crianças pra ficar correndo de um lado pro outro ahahahahahaha
Resumindo, conseguimos fazer o papagaio; não teve vento pra testar, mas com as corridinhas deu pra ver que EM PRINCÍPIO vai voar quando tiver; as crianças se divertiram (até o baixinho deu umas corridas).
Aqui o dito papagaio, pendurado na janela.
A baixinha antes de levar o papagaio (com a rabiola enrolada) pro colégio
Abaixo uma foto da
Como podem ver o formato do brinquedo não ficou ideal. Isso se deve ao tamanho das varetas :(
Estamos torcendo para que haja tempo bom E VENTO neste final de semana, para finalmente podermos fazer o bicho voar. Mas se o papagaio ainda estiver retido no colégio (é ficou lá exposto junto com outros brinquedos), teremos de montar o segundo. Pelo menos a armação já está pronta :D
Reportarei, reportarei.